Passados dois meses do terremoto no Haiti, milhares de haitianos afetados pela catástrofe nem sequer receberam tendas sob as quais possam encontrar um abrigo provisório. Dias atrás o ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, que hoje, junto com Bush filho, gerencia a busca de recursos privados para o Haiti - pasmem - pediu desculpas pelo fato de, durante o seu governo, os EUA terem tido uma papel determinante para que o Haiti importasse arroz norte-americano subsidiado, o que desde os anos 80 tem acabado com a agricultura do país, empobrecendo milhares de camponezes produtores de arroz, e fomentando a migração em massa do campo para Porto Príncipe (ver o texto 2 deste blog).
Mais um dado sobre o espólio da ilha: a empresa privada estadunidense Chemonics, "que recebeu vários contratos totalizando dezenas de milhões de dólares fornecidos pela USAID, é uma subsidiária da ERLY Industries, que também é a empresa controladora da American Rice Corporation (Corporação Americana de Arroz), uma das principais beneficiárias das políticas pelas quais Clinton pediu desculpas" (http://www.zcommunications.org/thousands-of-haitians-will-die-unless-u-s-beefs-up-relief-efforts-by-mark-weisbrot).
A ocupação do Haiti continua - com os Estados Unidos e a ONU, tendo o Brasil à frente, dividindo a intensificação de uma tragédia que já não interessa mais como espetáculo midiático - a prolongar o sofrimento e a fome de uma população já há muito tempo privada do direito de escolher o seu próprio destino.
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