Os sentimentos de insegurança e medo entre os imigrantes ilegais nos países europeus de economia “forte” têm se agravado com a crise iniciada em 2008. A verdade é que em períodos de crescimento econômico esses países sempre precisaram de mão-de-obra barata de imigrantes oriundos principalmente dos países antes colônias, que deixam a sua nação de origem evidentemente pela dificuldade de sobrevivência e com a esperança de, apesar das adversidades de uma vida clandestina na Europa, melhorar sua condição e poder ajudar seus familiares. Em decorrência da crise atual, com muitos países estagnados economicamente, os índices de desemprego têm disparado; na Espanha, por exemplo, há estimativas de que o desemprego pode atingir 20% este ano.
Os partidos de extrema direita, como de se esperar, vêm se utilizando desse cenário para transformar os imigrantes em bodes expiatórios. O discurso simplista e martelado é o que já conhecemos: os imigrantes estão roubando o emprego dos europeus, eles são os culpados do desemprego! Com essa falácia racista e xenófoba tais líderes têm fortalecido sua representação política e muitos sido eleitos pela população. É evidente que usam essa linguagem de slogans fascistas, inventando um inimigo próximo, culpando o mais fraco, para através da repetição de um discurso de teor fanático, pautado na aversão ao diferente e na associação de um problema econômico a fatores raciais, adquirirem força política novamente. Não é de hoje que parte da força da extrema direita consiste na capacidade de em momentos de crise incutir em parte da população que um grupo social minoritário é a razão das suas mazelas. Já sabemos muito bem, e os exemplos históricos no continente não são poucos, o que ocorre quando tal linguagem convence a população e acaba por direcionar o seu comportamento.
As leis de imigração têm endurecido em vários países. Jornalistas e grupos de direitos humanos europeus vêm denunciando violações e maus tratos que imigrantes estão sofrendo nesses países. Na Espanha, um imigrante ilegal, se pego, pode ficar encarcerado por até 40 dias, antes de ser deportado, em um presídio para imigrantes junto com pessoas que cometeram furtos e homicídios. O que vem ocorrendo é uma criminalização geral do imigrante ilegal, uma não distinção intencionada entre trabalhador e criminoso. O imigrante que consegue legalizar a sua situação tem que sempre que abordado por autoridades apresentar um cartão que comprova a sua legalidade. Há relatos de maus tratos por parte da polícia com trabalhadores que, por alguma razão, não apresentaram a identificação quando solicitados. A própria situação nos força a traçar paralelos com os momentos históricos de Estados autoritários e xenófobos na Europa.
O crescimento, em andamento, da direita européia terá por tendências dois fenômenos, hoje, profundamente relacionados: a intensificação da violência contra o imigrante e a solidificação de uma propaganda irracional - nada nova - que aponta causas raciais para problemas econômicos. E é certo que esses são o meios usados pela extrema direita para se justificar no poder e se impor como única alternativa de solução.
Estaria sendo dada atenção crítica suficiente ao recrudescimento de discursos e medidas claramente de teor fascista na Europa em face da crise atual?
Nuvens sombrias pairam sobre o continente europeu...
Estaria sendo dada atenção crítica suficiente ao recrudescimento de discursos e medidas claramente de teor fascista na Europa em face da crise atual?
Nuvens sombrias pairam sobre o continente europeu...
achei interessante.
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